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terça-feira, 13 de setembro de 2011

A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA COMO POSSIBILIDADE DE FORMAÇÃO DOS SUJEITOS DA EJA

  Isamara Grazielle Martins Coura  Faculdade Pitágoras – Betim MG.

 Wilson José de Araújo
 Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP, Centro de Educação Aberta e a Distância.


          A Educação a Distância é hoje uma realidade em vários níveis e modalidades de ensino no Brasil. A cada dia os cursos a distância são oferecidos em maior número para cursos de graduação, pós graduação, cursos preparatórios para concursos e até mesmo na EJA. As leis que tratam da educação no país também vêm se preocupando em discutir e em determinar algumas diretrizes para o funcionamento de tais cursos.
A partir das discussões apresentadas pode-se perceber queatualmente a Educação a Distância tem sido vista como uma forma de acesso à educação em variados níveis de ensino e que tende a crescer ainda mais, sendo inclusive, parte constitutiva das legislações educacionais vigentes. A aceitação da EAD por parte dos educandos se dá, na maioria das vezes, pela flexibilidade de horários e organização do tempo para o estudo, o que para os sujeitos da EJA também é tido como ponto positivo.   É necessário destacar, no entanto, que o modelo de Educação a Distância apresentado como uma alternativa ao acesso à escolarização de jovens, adultos e idosos, espalhados por todo o Brasil, deve se pautar pela qualidade. Qualquer modalidade educacional que se pretenda elevar o nível de escolaridade do povo brasileiro tem que se preocupar com a formação deste enquanto cidadão, e não apenas como decodificador de linguagens ou detentor de um diploma. O acesso à educação deve garantir aos educandos elementos que os permitam reconhecer seus direitos e deveres na sociedade, assim como se perceber como agente transformador e sujeito histórico. Sendo assim, podemos perceber que a Educação a Distância se apresenta como uma possibilidade de garantir acesso à educação àqueles que tiveram esse direito negado durante sua vida, o que não são poucos no Brasil. No entanto, assim como foi ressaltado no parecer referente à resolução das Diretrizes Operacionais de EJA de 2008 aprovado pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, questões como a estrutura e financiamento devem ser observadas. Especialmente no que tange à estrutura desses cursos, devem ser analisados os suportes oferecidos para os educandos para que eles realmente alcancem as habilidades pretendidas.                 

         Um dos temas tratados no parecer que trata sobre as Diretrizes Operacionais de EJA3 de 2008 aprovado pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação – CNE foi exatamente a Educação de Jovens e Adultos por meio da Educação à Distância. Dentre os quinze grupos que estudaram a temática relação entre EJA e EAD, nas três audiências públicas realizadas em 2007, sete salientaram que a relação entre EJA e EAD é um tema muito recente nos meios educacionais e que, portanto, ainda possuem muito pouco conhecimento sobre o assunto e destacaram a necessidade de desenvolvimento de estudos aprofundados sobre essa relação, para obterem maior compreensão das reais possibilidades da Educação a Distância em EJA.
        Deste grupo, um, mesmo tendo pouco conhecimento a respeito do tema, reafirma a importância da EAD para a EJA, reconhece que “faltam muitos esclarecimentos, principalmente no que se refere à própria estrutura, tal como a questão do financiamento”; outro grupo salientou a importância dessa relação, especialmente “junto àqueles adultos que não podem freqüentar diariamente uma sala de aula e que têm o seu tempo de estudar”. Além destes, outro se referiu as formas de cursos a distância pela TV e outros formatos presentes em épocas anteriores, mas destacaram que a questão que agora se apresenta, de forma diferente, “passa a ser focada privilegiando o uso de tecnologias da informação e da
comunicação”.
        O fato é que a Educação a distância vem se apresentando como uma possibilidade interessante, no que tange a Educação de Jovens e Adultos. É nesse sentido que dois projetos de EJA/EAD vêm apresentando bons resultados. Um deles encontra-se na cidade de Santos, na comunidade da Ilha Diana, e o outro oferecido pelo Serviço Social da Indústria (SESI) do Rio Grande do Sul, atendendo a educandos do ensino fundamental e médio.
        O primeiro projeto acima referido surgiu após a verificação, no ano de 2006, por parte da Supervisão de Ensino da cidade de Santos, de uma situação singular de uma comunidade rural localizada numa ilha fluvial, chamada Ilha Diana. Tal comunidade apresentou um grande número de jovens e adultos que não haviam completado o ensino fundamental, tendo como principais causas a distância e o transporte precário dessa comunidade até o centro urbano. Segundo o texto “Preparando para o ENCCEJA/EAD Ilha Diana – Monte Cabrão – Caruara”, o transporte é feito apenas por meio de barco com hora marcada até as 20 horas, o que impede os sujeitos de freqüentarem uma escolar regular na área urbana.
          Na tentativa de melhorar a qualidade de vida da população da Ilha Diana, foram feitas negociações entre diversos segmentos da Secretaria de Educação de Santos, envolvendo a Seção de Educação de Jovens e Adultos ( SEJA) e o Núcleo de Educação a Distância (NuED) para implantação do projeto na Unidade Municipal de Educação Rural (UMER). Conseguiram a infra-estrutura necessária para manutenção e instalação dos computadores, mas alguns problemas estruturais ainda apareciam como, por exemplo, falta de constância de energia elétrica. Para solucionar tal problema, conseguiram um gerador de energia à gasolina.
          Havia na UMER dois Professores Orientadores de Informática Educativa (POIEs) que diariamente davam suporte técnico pedagógico para que os estudantes executassem as atividades propostas pelos professores de plantão na sede do NuED. Os alunos fizeram inscrição no Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA/2007) quando 61% deles foram certificados. Tal resultado levou a Secretaria de Educação de Santos a ampliar este projeto piloto para duas outras comunidades: Monte Cabrão e Caruara . O texto sobre tal projeto revela a seguinte conclusão:


“Neste projeto os educandos utilizam o computador como parceiro do conhecimento e ferramenta de aprendizado, pois nele encontram-se infinitas maneiras para que seus conhecimentos sejam dilatados. As ferramentas existentes no computador, como a internet e os instrumentos do ambiente TelEduc4 (mural, portfólios ,atividades etc), são instrumentos também para a inserção no mercado de trabalho cada vez mais competitivo.” (BRANCO, CHIANDOTTI e ROCHA p.7)


 Já no Rio Grande do Sul o projeto de EJA/EAD é ofertado aos industriários, seus dependentes e comunidade em geral para conclusão do Ensino Fundamental e Médio. A metodologia utilizada se baseia na Pedagogia de Projetos, partindo de um tema gerador e os alunos possuem atividades e avaliações na modalidade presencial, oferecidas em quatro períodos por semestre letivo. Segundo o texto “Alternativas didáticas atuais na EJA/EAD Consciência de Mundo”:



“Para o trabalhador que procura a EJA esta modalidade de EAD surge como uma possibilidade tangível e acessível para complementação dos estudos, obtençãodo reconhecimento formal de suas aptidões e conhecimentos empíricos e maneira de manter-se como elemento ativo dentro de um mercado de trabalho cada vez mais competitivo...” (CORREIA, ESPÍNDOLA, e PELLEGRINI, p.6)


 No caso do projeto realizado pelo SESI do Rio Grande do Sul foi utilizada uma mistura de atendimento presencial em horários pré-definidos através da escolha do estudante e materiais impressos, os quais caracterizavam os elementos que compunham a modalidade a distância. Para tanto, contaram com três professoras-tutoras que trabalharam nas seguintes áreas do conhecimento: Ciências Matemáticas e suas tecnologias, Códigos de Linguagens e suas tecnologias e Sócio-histórica e suas tecnologias.
              Para as autoras do artigo “Alternativas didáticas atuais na EJA/EAD Consciência de Mundo” cada vez mais pessoas que não conseguiriam freqüentar um modelo de educação presencial vêm procurando a Educação a Distância como alternativa. Afirmam ainda que, a modalidade EAD tem propiciado ao educando maior responsabilidade em relação aos seus estudos, gerando maior autonomia dos sujeitos e os tornando cada vez mais ativos no seu processo de aprendizagem, uma vez que são eles quem escolhem e determinam seu ritmo de estudo.
 



Conclusão


         A partir das discussões apresentadas pode-se perceber que atualmente a Educação a Distância tem sido vista como uma forma de acesso à educação em variados níveis de ensino e que tende a crescer ainda mais, sendo inclusive, parte constitutiva das legislações educacionais vigentes. A aceitação da EAD por parte dos educandos se dá, na maioria das vezes, pela flexibilidade de horários e organização do tempo para o estudo, o que para os sujeitos da EJA também é tido como ponto positivo.
           É necessário destacar, no entanto, que o modelo de Educação a Distância apresentado como uma alternativa ao acesso à escolarização de jovens, adultos e idosos, espalhados por todo o Brasil, deve se pautar pela qualidade. Qualquer modalidade educacional que se pretenda elevar o nível de escolaridade do povo brasileiro tem que se preocupar com a formação deste enquanto cidadão, e não apenas como decodificador de linguagens ou detentor de um diploma. O acesso à educação deve garantir aos educandos elementos que os permitam reconhecer seus direitos e deveres na sociedade, assim como se perceber como agente
transformador e sujeito histórico.
              Sendo assim, podemos perceber que a Educação a Distância se apresenta como uma possibilidade de garantir acesso à educação àqueles que tiveram esse direito negado durante sua vida, o que não são poucos no Brasil. No entanto, assim como foi ressaltado no parecer referente à resolução das Diretrizes Operacionais de EJA de 2008 aprovado pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, questões como a estrutura e financiamento devem ser observadas. Especialmente no que tange à estrutura desses cursos, devem ser analisados os suportes oferecidos para os educandos para que eles realmente alcancem as habilidades pretendidas.